domingo, 15 de junho de 2008
Roses by Outkast
Videoclipe: Roses
Artista: Outkast
Álbum: Speakerboxx/The Love Below
Diretor: não encontrado
O videoclipe em questão opta, como um todo, por dialogar não só com o imaginário do colegial norte-americano, mas também com a visão estereotipada tão propagada pelas produções hollywoodianas principalmente, além da sua estrutura e seus respectivos clichês. Tal vínculo de ordem narrativo-clássica é perceptível tanto na apresentação de personagens, como na montagem paralela que leva ao clímax (no caso, o encontro dos dois grupos rivais no auditório, seguido pela briga). Ao final, algo que lembra um "happy ending" para a personagem principal – da música e do videoclipe – Caroline, no que dá a impressão de que ela deixa todo aquele passado para trás, em busca de um futuro promissor. Até o jogo de imagens utilizando o anuário como referência já é bem manjado. Tudo isso é colocado no clipe como sátira aos clichês do high school, que se repetem incessantemente tanto nos filmes, quanto no real high school americano de fato.
O vídeo não é puramente plástico, porém há grande preocupação estética com figurino e cenário, indispensável por remeter a um universo já tão midiaticamente trabalhado. Ainda com relação à estética, a época que o videoclipe retrata não corresponde ao ano do seu lançamento, explicitando-se assim a tentativa de traçar uma linha de volta no tempo. Este fator, por sua vez, colabora para que o produto audiovisual não tenha caráter perecível, e que, assim, seja sempre motivo de entretenimento, crítica e promoção infindáveis, entre outras finalidades. Outro ponto positivo é que, apesar de remeter ao tempo passado, contém símbolos do high school que permanecem imutáveis, como: o anuário, o auditório, corredores com escaninhos, grupinhos com jaquetas combinando, etc.; o que facilita a identificação por parte do espectador, já que não constitui caráter específico, e sim abrangente. Vale considerar, no entanto, que a escolha do tema “colegial” já é pertinente em si mesma, pela própria constância dos símbolos.
A banda não aparece tocando e cantando em imagens inseridas aleatoriamente no videoclipe, como ocorre na maioria dos videoclipes em que o artista aparece. Ao contrário, a apresentação da banda Outkast está ao centro da trama – mesmo que na figura dos The Love Below. É ela que liga todos os demais personagens e acontecimentos concomitantes, além de não fugir ao formato, já que consiste num show de talentos, freqüente no contexto colegial norte-americano (cuja temática é geralmente a chegada da primavera, o natal, e, neste caso, o dia dos namorados).
Quanto à sua linguagem publicitária, o videoclipe exerce com perfeição a sua função de promover, mais do que o artista, a música como um produto. Em poucos minutos, o vídeo consegue criar um universo (com personagens e tudo) que se torna inerente à música. Uma vez que o espectador assiste ao videoclipe, torna-se impossível para ele ouvir a música outra vez sem que ela desencadeie uma série de associações imagéticas em sua mente, muitas delas contidas no vídeo. A música, aparentemente sem sentido, que fala o tempo todo de Caroline, somente adquire significado com o videoclipe, quando podemos não só conhecer a personagem, mas o dado contexto no qual ela se enquadra.
Sabrina Borges.
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Um comentário:
Esqueci de pôr o ano: 2004.
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