http://www.youtube.com/watch?v=qqsyXdj_p_I
O videoclipe da música “No Surprises”, da banda Radiohead é, com certeza, sem surpresas mesmo.
A música, que fala sobre uma vida monótona a que já nos acostumamos, com tranqüilidade, um emprego estável e sem emoções, uma casa legal, bonita e um governo que nada tem da nossa voz, nos embala também com sua composição linear e homogênea. E é bem essa monotonia que as imagens, um plano seqüência sem cortes, transmitem.
Acho que o grande trunfo do vídeo, o que o torna diferente, é que, em vez de mostrar cenas de uma vida sem graça, como um pai saindo para o trabalho sem dar atenção à mulher e aos filhos ou um dia corriqueiro numa grande metrópole, com seus engarrafamentos e anônimos de costume, a única coisa que se vê é o vocalista, com uma cara apática, sem expressar emoção alguma, preso numa cápsula de vidro que vai se enchendo d’água e, através da qual, pode ler a letra da música que canta, porque ela passa a sua frente (é possível vê-la ao contrário, no reflexo do vidro. Assim, a idéia da previsibilidade, de alguém que está preso num mundo em que já conhece o seu futuro, o que deverá vir, é remarcada por esse homem condicionado à sua cápsula.
Chega a ser angustiante ver a água subindo, sabendo que ele vai se afogar. Mas antes da segunda parte da música, ela escoa e ele pode voltar a respirar e a cantar (como se a vida fosse sem graça, mas conseguíssemos um novo fôlego a cada etapa, para voltar a vivê-la).
Ainda, outro ponto nessa produção é o reflexo de alguma janela ou luz no vidro, como se a imagem não tivesse sido devidamente cuidada, mas cuja função é mesmo provocar um incômodo na audiência.
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