domingo, 15 de junho de 2008

Pontes Indestrutíveis/Charlie Brown Jr.



Música: Pontes indestrutíveis
Artista: Charlie Brown Jr.
Álbum: Ritmo, ritual e responsa
Criadores: Ludmilla Rossi e Matheus Ruas
Ano: 2007

Escolhi o videoclipe da música “Pontes indestrutíveis”, do Charlie Brown Jr., não por ser um dos meus favoritos ou por ser fã da banda e da música, mas por tê-lo achado na Internet e terem me surgido idéias para comentá-lo.
Na sua produção é usada tecnologia de animação em 3d. Obviamente isto não é determinante para o sucesso do clipe, mas o deixa mais interessante ao se juntar a outros elementos. Vale lembrar que não é uma animação comum, mas algo que lembra uma confusão, uma mistura e até mesmo sujeira. A história contada é a de um skatista que anda por vários lugares refletindo sobre os rumos da vida. Não há como não fazer analogia ao vocalista Chorão, que anda de skate e tem o mesmo estilo do personagem da animação. Além disso, no início do vídeo, aparece um rapaz que canta um verso da música para a câmera (achei legal o fato de ele não ter boca), no estilo próprio do vocalista. Fica claro que a produção busca a identificação com o público da banda e esta, por sua vez, procura vender sua música.
O clipe começa com uma cena de aves voando, que muda de colorida para preto e branco. Este é um ponto a ser destacado nas imagens: a mistura de elementos em preto e branco e coloridos. Outro aspecto interessante é a brincadeira que é feita com a letra da música no videoclipe. Ela acaba por fazer parte da imagem, como exemplo, na cena em que o rapaz liga a tv e os versos da música aparecem com suas respectivas animações, que destilam críticas por meio da delicada analogia que é possivel fazer. As caracterizações são engraçadas, como os bandidos (políticos) de Brasília. Algo que também achei interessante foi a comparação feita entre o atentado às torres gêmeas e a imagem de dois versos da música dispostos verticalmente sendo atingidos por dois aviões. São exatamente os versos “fragmentos da realidade estilo mundo cão”. Além disso, o skatista anda por entre as palavras, e enquanto isso elas são dispostas na horizontal, na vertical e na diagonal, sempre com a câmera acompanhando esses movimentos. Este é um aspecto peculiar dos videoclipes de forma geral: movimentos de câmera complexos, podem mudar de direção rapidamente.
Lembrando que o clipe valoriza a animação suja, com as próprias situações criadas também sujas, achei importante destacar a mudança de uma cena desse tipo (feia, suja) para uma colorida, agradável, bonita. É a cena em que uma mulher e um rapaz estão numa rua feia, imunda e, de repente, aparecem num campo florido. Daí, é possível fazer a relação com o verso cantado no momento em que há a mudança de cena: “eu quero ver meu povo todo evoluir também”. Desse modo, fala-se da proposta do videoclipe e da música: a evolução, a mudança para melhor em todos os sentidos.
Devo destacar aqui outra cena que me chamou a atenção: o skatista vai parar num espaço deserto e marcado pela destruição, enquanto passam rajadas de fogo em volta dele. Nesse momento, a câmera treme e realiza um movimento de 360° em torno do rapaz, aproximando-se dele gradativamente. “Difícil é entender e viver no paraíso perdido...” . Mas uma vez fica claro o esforço em relacionar as imagens verso a verso.
Quanto à linguagem desta produção, há de se relevar a ironia, presente em quase todo o clipe, ao mesmo tempo em que permite que o telespectador dê novos sentidos à letra da música, ao jogar com os versos relacionados a imagens não tão previsíveis. Há criatividade e o clipe escapa de ser apenas mais um que recorre à animação para ter certo diferencial.Este, embora se utilize desse recurso, é capaz de romper com as regras do bom desenho e ousar.

Raquel Lima de Medeiros - EC6

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