segunda-feira, 16 de junho de 2008

Bad cover version - Pulp



Música: Bad cover version

Artista: Pulp

Ano: 2002

Direção: Jarvis Cocker e Martin Wallace

“Bad cover version” é uma música da banda de rock inglesa Pulp. Mais do que pela qualidade musical – de fato, inexistente – o clipe atrai pelo humor, levando o espectador a identificar, em uma imitação grosseira, imagens e idiossincrasias de vários artistas conhecidos. Diversos sósias de personalidades da música foram reunidos em um estúdio de Londres para a gravação e a filmagem. O resultado foi um vídeo – em muitos aspectos – similar ao clipe da música “We are the world”, gravado por músicos “reais”, no projeto “USA for Africa”, em 1985.

O argumento da letra – que acompanha o estilo tosco dado propositadamente à música – gira em torno da idéia de que uma cópia nunca pode ser equiparada ao original. No início do vídeo aparece um texto breve em tom solene anunciando o “tributo a uma das mais originais e inventivas bandas de nosso tempo: Pulp”, o que já introduz a proposta do clipe. Os falsos artistas chegam ao estúdio e aparecem cantando um a um, até se juntarem em um desajeitado e triunfante coral. Entre eles, estão Paul McCartney, Kurt Cobain, Mick Jagger, Elton John, Bono e George Stewart.

O estilo de filmagem documental – cobrindo os “bastidores” da gravação, mostrando a equipe de filmagem e utilizando movimentos de câmera aparentemente improvisados – leva a uma aproximação ainda maior com clipes do gênero, o que evidencia o tom sarcástico e cômico do clipe.

Chama-me a atenção a maneira extremamente simples – e, no entanto, eficaz – encontrada para produzir o humor do vídeo. A banda se auto-engrandece de maneira evidentemente ridícula, o que acaba produzindo o efeito desejado. Para isso, bastou que se utilizasse o repertório previamente construído na mente dos espectadores. A cada sósia de um artista conhecido que surge na tela, somos atraídos, tentando reconhecê-lo e identificar seus traços característicos, explorados de maneira caricatural no vídeo. Desse modo, o clipe mantém a atenção do espectador sem precisar, para isso, lançar mão de efeitos especiais, roteiro complexo, movimentos de câmera mirabolantes ou qualquer artifício plástico e efêmero como os tão desgastados na atualidade.

Cabe acrescentar que Jarvis Cocker, um dos dois diretores do clipe, é o vocalista da banda. Ele ficou conhecido por invadir uma apresentação de Michael Jackson, em 1996, em protesto contra sua interpretação de Messias. Sua vocação para incomodar outros artistas, sem dúvida impulsionou o argumento desse vídeo.

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