Artista: Soundgarden
Música: The Day I Tried to Live
Álbum: Superunknown
Ano: 1994
Diretor: Matt Mahurin
The day I tried to live
I wallowed in the blood and mud with
All the other pigs
I wallowed in the blood and mud with
All the other pigs
Para falar desse clipe, é fundamental falar, ainda que rapidamente, do próprio movimento Grunge. Para quem não sabe, esse movimento, no qual o Soundgarden esteve inserido até o pescoço, aconteceu em Seattle e estourou no início dos anos 90. Os grunges eram/são reconhecidos pela postura mais largada, ou suja, se preferirem. E é sobre essa estética que quero comentar. O sujo está muito presente nesse clipe. Para começar, a própria qualidade da imagem é algo embaçada e a opção pelas cores frias ajuda a transmitir o ar mortiço de Seattle, que parecia marcar a “aura” em volta do movimento. Além disso, o sujo, o desarrumado, o fogo e a fumaça dialogam com os ruídos das guitarras para compor o cenário largado.
Além da estética do lixo (forma), o conteúdo do clipe de The Day I Tried to Live revela significações interessantes, como a inversão da gravidade (seriam os grunges tão subversivos a ponto de negar a lei da gravidade). Todos os símbolos convergem para retratar o conflito existencial. O destaque para a presença da guitarra (em chamas, diga-se de passagem) pode parecer óbvia em um clipe de rock, mas o instrumento pode ser considerado um símbolo importante. Observe que os momentos de decisões mais importantes (como fugir do hospital) são acompanhados pelos ataques mais poderosos das guitarras.
Também não podemos deixar de falar do poder narrativo do videoclipe. Nesse ponto (e não só nesse) The day I tried to live não é nada revolucionário, mas ainda assim essa característica é digna de nota, pois essa narrativa se dá de maneira surpreendentemente linear, para um clipe cheio de imagens aparentemente aleatórias (observem o cara de branco levantar, girar em torno de si mesmo e voltar a sentar no sofá, aos 2’13”). O vídeo apresenta até um personagem principal, que parece ser o eu-lírico da canção, o foco do conflito. Como diz a epígrafe, o clipe chafurda, sim, na lama, no sangue e, por que não dizer, no fogo (tão presente no clipe), mas consegue contar uma história bem contada.
Marcello Henrique Corrêa – EC6
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