Música: Popstar

Artista: The Pretenders

Álbum: ¡Viva el Amor!

Diretor: Alek Keshishian

A música “Popstar”, composta pela vocalista do grupo, Chrissie Hynde, é uma sátira ao deslumbramento com a fama. Chrissie é conhecida por ser ícone feminino do rock e ativista do grupo PETA que, apesar de seu sucesso e reconhecimento, nunca aceitou o titulo de popstar. Foi casada com o também cantor Jim Kerr, da banda Simple Minds’, e por ele trocada por uma mulher mais nova, que, ao contrário dela, buscava incessantemente a fama, e é esse episódio que a letra retrata – Chrissie de forma sarcástica trata-a como uma “Kylie Minogue wannabe”.

O clipe, assim como a música, trata com muita ironia e bom-humor o jogo das celebridades instantâneas, que fazem de tudo por seus cinco minutos em alta na mídia. E é esse teor irônico e satírico, particularmente, que me faz gostar tanto dele. No show business é cada vez mais comum vermos modelos-atrizes-cantoras-ex-BBs deslumbradas com o glamour da vida de celebridade. Para fazer parte desse mundo não há limites intransponíveis. O bom senso é rapidamente abandonado, pois em nome da fama e da capa da última edição da mais famosa revista de fofoca vale-tudo.

E é esse vale-tudo pela fama que é tão bem criticado no clipe, dirigido pelo libanês Alek Keshishian. O deboche – marca registrada da rockeira – não podia deixar de estar presente no videoclipe, seja através da expressão de Chrissie ao dublar a música, como também pelas covers de famosas cantoras de pop que intercalam com as imagens da banda e da vocalista.

O clipe não possui grandes inovações nem tão pouco faz uso de grandes recursos audiovisuais. A câmera permanece parada e os planos se alternam pouco, grande parte do clipe é feita em plano americano e primeiro plano. Sua graça, portanto, está na atuação – o comportamento tão estereotipado dessas celebridades instantâneas é muito bem interpretado – e maquiagem das covers de popstars como Madonna, Courtney Love, Alanis Morissete e das Spices Girls. No começo, o clipe brinca com a idéia do making off e ao longo da música imagens de disputa das covers pela visibilidade no clipe, ou seja, na mídia, ficam muito freqüentes. Ao final, para completar a brincadeira, surge uma cover da própria Chrissie Hynde e todas juntas disputam um espaço no quadro da filmagem enquanto a vocalista ri da cena patética. Na última cena, a frase “Any resemblance to any persons living or dead is purely in your head”, completa toda a ironia em que consiste o clipe.

O vídeo chama a atenção do telespectador pela sua forma crítica e debochada de abordar a forma esdrúxula dessas popstars buscarem o sucesso e se manterem no show business. Após assistir uma primeira vez torna-se inevitável a associação, pelo telespectador/ouvinte das imagens com a letra. Não é a toa que este é considerado por muitos o melhor videoclipe da banda.