Após cogitar alguns vídeos menos densos, e com o humor como tema principal a ser explorado (e fica aqui meu protesto por ter sido dissuadido da idéia de analisar a “dança do quadrado”), acabei por escolher um dos maiores ganhadores de prêmios nacionais, não por acaso, do “O Rappa”. “Minha Alma - a paz que eu não quero”, em sua letra, mostra claramente a indignação quanto à imposição de injustiças e a impossibilidade de se ter uma voz ativa em relação aos detentores de poder, pois “paz sem voz não é paz é medo.”.
O videoclipe da música em questão tenta dialogar com essa impotência e essa violência retratando o assassinato injusto (como se houvesse algum justificável...) do menino favelado, em tempo, pertencente à classe mais marginalizada da população brasileira. Tudo isso consoante à revolta da população.
Aparentemente, o vídeo não procura projetar a banda ou integrantes dela, mas passar adiante uma mensagem de inconformismo e de atitude contra as barbáries cometidas contra as pessoas retratadas. Os planos são geralmente filmados à altura dos olhos das crianças, pretendendo colocar o espectador como um tipo de testemunha ocular dos fatos, da história narrada. E é justamente essa sensação, de tentar nos colocar como no local da história, que penso ser a proposta diferenciada do clipe.
Rompe um pouco (ou seria totalmente?) com a preocupação plástica dos vídeos “promovedores” de bandas ou de estilos, preocupando-se em retratar a realidade, mesmo que potencializada e segmentada. Tanto isso ocorre que os diálogos são repletos de gírias e inadequações lingüísticas em relação à norma culta padrão, entretanto, mais do que pertinentes à sociedade retratada.
O premiado curta foi dirigido por Kátia Lund, Breno Silveira e Paulo Lins.
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